Do silêncio à poesia
exposição individual artista Sheila Kruger
Curadoria
KinJin
Expografia e Montagem
Anna Barreto
exposição
Galeria Plexi
Abertura: 25 de maio de 2023
Encerramento: 21 de julho de 2023
do silêncio à poesia
Entre cada coisa que existe há um intervalo até outra por mais próximas que estejam, sempre há um vão que a liga e a desconecta de outra parte - é o silêncio e, no gesto da artista, está contida o impulso de comunicar; mas como comunicar o inexpressivo do silêncio?
Nos gestos de reorganização da matéria toma-se para si o incomunicável - que é a subjetividade da matéria e do organismo que se apropria dessa - e criam-se novas configurações, estas que por ora expandem ou limitam as interpretações contidas na própria matéria, mas que ainda não findam ou preenchem as lacunas entre as coisas. "Existe um sentir que é entre o sentir" como cita Clarice Lispector; é o fogo e o mistério contido nos interstícios de tudo, a força criadora primordial - que é sempre um enigma.
Nos trabalhos de Sheila Kruger o silêncio é sempre gritante. A artista apropria-se do abandono de objetos encontrados em sebos, brechós e feiras de antiguidade com um olhar muito cuidadoso para o indizível: fotografias antigas e envelhecidas carregam histórias e fragmentos de diversas vidas, véus e armaduras abrigam os retratos esquecidos pelo tempo e criam novos espaços para interpretação. Objetos do universo íntimo do feminino são ressignificados e remontam um espaço-tempo no qual o silenciamento era a norma patriarcal. A artista é como uma viajante do tempo, salta por épocas passadas e resgata nessas memórias as vozes emudecidas de gerações para a narração de sua própria história.
Sheila observa na memória e no passado o silêncio, conduz seus pensamentos afetivos ao mistério, a poesia e o sonho. Assistente social, arteterapeuta psicanalítica, acompanhante terapêutica na área da saúde mental, artista e poetisa visual. Revela, com suas produções o que somente o lirismo é capaz: as lacunas da experiência humana; o fogo e o mistério que habitam nos intervalos de tudo são as matérias-primas do ato criador da artista.
“Minha arte vem do exercício pleno da liberdade, do inconsciente e me leva por caminhos próprios, como uma sessão de análise na qual as palavras soltas levam sempre a algum lugar importante. Genuinamente pulsional e transparente. Um ressoar dentro da subjetividade. Um desejo, um sair de mim. Sobrevoando novas dimensões e sensações e elevando-me como ser humano. É também afirmação, crescimento e transformação.”
KinJin
curadoria